segunda-feira, 27 de junho de 2011

Nasceu Cecília!


 O dia em que eu doulei minha doula

Vocês já leram o relado do parto da Lais? Se não, ele está aqui.
A Lorena eu conheci quando começamos o GestaLondrina. Ela dava aulas de Yoga onde realizávamos as reuniões. Lembro de ter pensado: puxa! Que pessoa legal! E a primeira impressão foi a que ficou.
Numa das reuniões nós falamos do desejo que tínhamos de um dia sermos doulas. E combinamos assim: eu ia engravidar e ela ia me doular (afinal ela é fisioterapeuta e professora de Yoga) e depois ela ia engravidar e eu ia doular ela. Nada de contrato assinado, mas muitas vezes o que a gente fala passa um anjo e diz amém (como dizia a minha vó).
E não é que um tempo depois eu tava grávida? Nem foi tanto tempo assim depois do nosso "combinado". Se eu fosse ter em casa eu chamaria a Patricia Merlin pra me atender. Ela tem experiência nisso, mas no fundo eu queria mesmo que a Lorena estivesse comigo, então na minha cabeça quem sabe eu chamasse as duas hehe. Quando a Lais começou a dar sinais que ia nascer antes, o parto domiciliar foi por água abaixo e eu tive mais certeza ainda que seria a Lorena a me doular.
E ela foi perfeita!  Eu ainda lembro que eu sabia exatamente quando era ela e quando era o Daniel que estavam fazendo massagem em mim, lembro dela falando comigo, me lembrando de respirar, de me entregar na hora das contrações.
Mas não sabíamos de um detalhe no dia em que a Lais nasceu (há exatos 8 meses). Lorena estava grávida de poucas semanas da Cecília :D!
Quando eu soube da gravidez fiquei aqui torcendo pra ela me chamar pra doular, porque eu realmente precisava retribuir o amor que ela me dedicou. Foi muito importante ter ela por perto!
A Cecília também quis apressar, mas a Lorena conseguiu deixar ela mais tempo na casinha, na terça feira dia 21/06 ela parou de tomar a medicação para inibir o parto e ficamos em estado de espera hehe.
No feriado do dia 23 eu fomos passear em Presidente Prudente, se qualquer coisa acontecesse com a Lorena e ela me ligasse, voltaríamos correndo. Dá mais ou menos uma hora e pouco daqui. Ela não me ligou, na volta eu tava vendo as fotos que tiramos no passeio e tinha uma da visita que fiz pra ela. Olhei pra carinha da Lo e pensei: Bem que a Cecilia poderia nascer já, né?
Voltamos pra casa, eu tava fazendo um cachorro quente e arrumando as coisas quando toca o telefone. Eu imediatamente pensei que fosse ela.
- Má, minha bolsa rompeu. Mas eu to tranquila. Vou ligar pro Dr. Alessandro e ver o que ele vai fazer.
- Ok, sem pressa. Qualquer coisa me liga.
Isso era mais ou menos umas 8 e meia da noite.
No próximo telefonema ela me falou que o médico (que aliás foi quem acompanhou o parto da Lais) iria internar mesmo por conta da bolsa rota, mas que ela só ia pro hospital depois que acabasse a novela.
Fui ajeitando as coisas, fiquei pronta pra sair, embora ela tenha me dito que não ia precisar de mim agora porque ela não estava ainda em trabalho de parto.
Todos aqui dormiram, e eu fui descansar também. Acordei la pelas 7 da manhã toda desesperada, pensando meldels já nasceu! Pensa na pessoa esbaforida sem conseguir nem abrir o olho ainda procurando o celular... pensou? Hehe, aí me deparo com uma mensagem dela as 4 da manhã pedindo pra eu ir pro hospital porque não tava fácil. Gelei. Esqueci de avisar que eu não acordo com toque de mensagem! Liguei pra ela e fui tranquilizada hehe. Na verdade foi o seguinte, ela internou e ia tomar uma dose de antibiótico. Ela não estava em trabalho de parto, somente com a bolsa rota. De 15 em 15 minutos entrava uma enfermeira no quarto pra perguntar "ta doendo muito mãe?" "já tá com dor?" sendo que nessa hora específica ela deveria DORMIR! Ela me queria lá pra ela poder descansar :D.
Sendo assim, dei um mamá pra Lais e fui pra lá. Ela estava super bem, fui mesmo pra ela sentir que eu estava presente, e pra reclamar com o médico desse tipo de atitude das enfermeiras. Não são todas que são assim, mas bastam uma ou duas pra tirar a paz. Quando conseguia ela dormia um pouco.

Conheci lá uma bisavó que foi visitar o bisnetinho recém nascido. As enfermeiras do dia já respeitavam muito mais! Foi um sossego.
As contrações estavam bem irregulares. O médico examinou e fez um toque, estava mais ou menos com uns 4 cm (ela havia internado com 1cm e pouco) e o colo estava trabalhando. Os exames que ela fez estavam todos bons. Tudo caminhando pra um parto natural como ela queria. Mas o trabalho de parto não tinha começdo ainda, estava bem na fase latente. Aproveitei pra passar em casa pra almoçar dar almoça pras crianças, amamentar a Lais e descansar um pouco. Quando foi umas 4 e meia eu liguei pra saber se estava tudo bem e o marido dela falou que sim, mas que alguma coisa estava diferente. Amamentei a Lais de novo e fui para o hospital.
Chegando lá vi o Juliano do lado de fora do quarto, ele me falou que a Lorena queria ficar um pouco sozinha. Entrei no quarto devagar e estava tudo na penumbra, ela fazendo exercícios na bola e dançando. Uma coisa que eu achei intenressante é que a Lorena de costas nem parecia grávida hehe! E assim ela ficou, bola, chão, cama. 

De vez em quando ela cochilava um pouco. O Dr. Alessandro fez mais um toque e estava com 5 pra 6 de dilatação. Senti que pra Lorena foi meio frustrante, mas o que me acalmava foi que eu chegueii exatamente assim no hospital, com contrações super suportáveis e com 5 pra 6 de dilatação e em poucas horas a Lais nasceu. Mas como cada parto e cada mulher é diferente eu focava em dizer pra Lorena não criar expectativas, que ela dilatou em menos de um dia o que eu havia demorado uns 2 dias para dilatar e que era pra ela descansar. Fiz massagem nos pés, conversei com ela bastante tentando deixar o humor dela bom. Aliás, ela não perdeu o bom humor :D.

Nessa fase ela precisava ficar sozinha, então eu e o Juliano agíamos como se não estivéssemos ali, eu só me manifestava quando alguma enfermeira ia no quarto. Geralmente elas vem falando direto com a parturiente, e isso não é legal. Mas depois elas sempre se dirigiam a mim ou ao Juliano. O que mais "matava" era a mulher da copa. Jesusmariajosé todos os santos! Ela entrava sem pedir licença, sem bater a porta. E ia falando alto, acendendo luz... pff.
Nessa hora eu pensei, nossa, acho que a Lo nem vai precisar tanto de mim, ela quer mais ficar sozinha mesmo. Ledo engano! As contrações começaram a ficar mais efetivas, logo que o Dr. saiu do hospital (pra variar...). E eu percebia um ritmo. Comecei a anotar no laptop cada horário de cada contração. Elas vinham de 3 em 3 minutos, as vezes de 2 em 2 e entre umas 5 dessas  muitas vezes tinha um intervalo de 4 minutos. Pensei comigo... ela vai nascer no dia de S. João, não vai ser S. Guilherme. Eu e o Juliano revezávamos nas massagens, ele foi buscar um lanche pra gente. 

Quando ele voltou com o lanche a Lorena pediu Coca, ela tava com fome! Hehe! A gente deu ué, tava liberada dieta líquida! Ela não conseguiu comer a sopa da janta, mas comeu a gelatina. Foi dada mais uma dose de antibiótico por causa da bolsa rota.

Ela pediu pra ir pro chuveiro, e foi. Eu liguei pro Daniel pra ele me trazer a Lais pra eu amamentar naquela hora (eram umas 8 e meia) porque depois provavelmente eu não poderia mais sair do quarto. Ele demorou um pouco ainda pra vir, e eu fiquei lá no chuveiro com a Lorena.
Nessa hora ela me olhou:
- Má, essa mulherada é tudo louca! (E dava risada!)
- É, eu sei. Pensei a mesma coisa no parto da Lais :D. Inclusive eu tinha um plano Lo. Eu ia chegar em uma reunião do Gesta e falar: Olha gente, bobagem essa coisa de parto natural! Esqueçam! Vão lá e marquem cesarea! Dói muito gente! Esse era o meu plano.
- Sério Má???
- Seríssimo!!! É normal você pensar assim viu? Nem se sinta mal por isso!
E rimos muito nessa hora!
O Daniel estava lá na porta do hospital com a pituquinha. Falei pra Lorena que ia descer e logo voltava, desci correndo, antes avisei as enfermeiras que eu ia voltar caso o segurança invocasse de não me deixar subir.
Pausa para momento coruja
As enfermeiras do hospital me conhecem porque eu fiquei um tempo internada inibindo o parto e depois por eu ter tido a Lais no quarto. Todas querem ver foto da pituquinha! KKK
Despausa para momento coruja
Desci, a Lais no bebê conforto, nem tirei ela de lá, ja tirei os peitos pra fora e ela mamou os dois em tempo recorde! 10 minutos! No total fiquei uns 20 minutos lá embaixo no máximo. Dei tchau pra Lais fofa, um beijinho no marido e subi correndo!
O bicho tava pegando. As contrações aumentaram muito! E com intervalos cada vez menores. Lembro de ter falado que se continuasse assim ligariamos para o médico. De repente a Lorena fala:
- Má do céu, to na transição, to me tremendo toda!!!
E era verdade, Cecília estava chegando gente, e a mãe dela totalmente consciente disso! Foi lindo! Nessa hora eu só afagava a Lorena, não parecia que ela era minha amiga, o sentimento que eu tive foi que eu era mãe dela, sei lá. Muito doido isso!
E começaram os puxos, e eu pedi pro Juliano ligar pro Dr. Alessandro. Ele falou comigo que estava vindo e ia pedir um cardiotoco enquanto isso. Eu lembro de rir e pensar, não vai dar tempo!
Me deu um click na hora, pedi pra Lorena subir na cama e ficar em 4 apoios (porque isso faz com que a descida do bebê desacelere um pouco) e pedi pra ela pra eu tirar a calcinha e ver como estava. Estava quase coroando :D!
Chamei a enfermeira porque eu não tenho experiência em aparar bebês hehe. Falei pra ela ficar ali comigo de prontidão até o Dr. chegar. Eu estava muito emocionada, e quando fico um pouco nervosa tenho a (péssima) tendência de rir. E eu ri não sei do que a Lorena disse, e ela respondeu: Não é graça Má... mas todo mundo achou graça, viu Lorena??? Ae eu fiquei bem séria e falei, é mesmo, não tem graça! :D
Pedi pro Juliano ligar de novo pro Dr. Alessandro, avisando que realmente a bebê estava nascendo. Mesmo assim as enfermeiras vieram com o cardiotoco pra fazer kkkk! Eu nem acredito nisso quando eu lembro. É mais ou menos assim, se o médico mandou elas fazem, mesmo se o paciente morrer eu acho, elas vão lá e fazem! Mas aí ele chegou e ficou tudo mais tranquilo. Mudamos a Lorena de posição pra ele ver como estava tudo e ela gostou da posição que ela ficou (semi sentada, ela não quis cócoras). E ficamos esperando a Cecília nascer! Ja tinha bercinho no quarto, a pediatra já estava de prontidão.
Nessa hora a Lorena pediu um copo com água, ela estava bem serena, tranquila mesmo. Perguntava o que era para fazer e fazia, foi perfeita! Como ela havia me pedido para filmar e fotografar tudo o que eu pudesse eu fiz isso, mas estava com 2 câmeras ao mesmo tempo, foi tenso haha! A câmera deles era melhor para filmar na penumbra e a minha para fotografar (já que eu não queria dar um flash na baby, de jeito nenhum!).
E ficamos ali esperando a natureza agir trazendo a Cecília ao mundo, quando ela coroou eu lembrei a Lorena de pegar na cabecinha dela pra sentir, era bem cabeludinha! Brincamos que dava até pra fazer uma maria chiquinha e puxar ela pra fora hehe, a Lorena respondeu: ah, bem que poderia ser assim! KKK!
E veio a Cecília! E todos se emocionaram e eu lá tentando filmar a fotografar ao mesmo tempo!!! Foi lindo, mágico!
Foi esperado o cordão parar de pulsar e o pai cortou. Como a pediatra tinha que atender um outro paciente quase na mesma hora ela foi fazer os cuidados iniciais na Cecília. Mas tudo ali no quarto. Como ela estava muito bem, só era bem calminha rs, ela liberou a bebê pra ficar com a mãe.
Ela nasceu dia 24/06/2011 23:12 com 3kg e 48 cm!
Linda fofa e cabeluda!!!

A placenta saiu a gente viu (ainda acho que a minha era muito pequena gente...) tava tudo ok, a Lorena levou alguns pontinhos.
E mais uma vez fui privilegiada de acompanhar o parto de uma pessoa muito especial, ainda mais sendo a pessoa que me ajudou muito na busca e na hora do meu parto!
Pra Lorena, Cecília e Lais tenho uma frase:
"Amor da minha vida, daqui até a eternidade, nossos destinos foram traçados na maternidade." Hehe!!!
Obrigada Lorena por ter escolhido a minha presença, obrigada Juliano por ter sido um marido/pai excelente, obrigada Pata por me dar força pra seguir mais esse sonho de ser doula, obrigada à todas as meninas do Gesta, obrigada às enfermeiras do Hospital Evangélico de Londrina que depois que entenderam o que estava acontecendo agiram de maneira respeitosa, obrigada Dr. Alessandro Galletto por ter me permitido participar desse momento e ter permitido um parto ativo. Obrigada Cecília! Seu coraçãozinho sempre ótimo durante as contrações, sua tranquilidade depois de ter nascido, obrigada bebezinha linda por existir! Bem vinda!
BjoS!!!

terça-feira, 10 de maio de 2011

Nasceu Davi! E nasceu uma doula!


Minha primeira experiência como doula

Eu tive a oportunidade e o prazer de acompanhar o parto de uma pessoa muito especial como doula. Me preparei para isso e imagino que minhas experiências com meus partos ajudaram também. Eu não fiz curso (ainda) mas vou fazer! Quando fui doulada no meu último parto é que percebi a importância de ter uma doula (que pode ser uma pessoa que você preparou para isso) junto comigo. Faz toda a diferença!
Quando a Paula me falou que queria eu eu acompanhasse o parto dela porque a nossa doula iria viajar e talvez não conseguisse chegar a tempo para o parto, confesso que fiquei um pouco insegura. Por mais que eu tenha estudado muito sobre parto, parto ativo, tenha um conhecimento razoável em anatomia e fisiologia por ser técnica em radiologia, eu nunca havia doulado ninguém antes. Aceitei o "desafio". Ela já estava no final da gestação, fomos nos falando e combinando o que ela queria para o parto dela. Era um VBAC, parto normal depois de uma cesárea que ela planejava. Esse é um dos papéis da doula, ajudar a mulher a construir e idealizar o que ela quer para o momento do parto.
A Lorena (que foi minha doula e seria a da Paula) antes de viajar passou aqui em casa para deixar a bola e o tapetinho. Conversamos bastante sobre o que a Paula queria, sobre o médico que iria acompanhar, sobre as expectativas da Paula e das nossas (rs... doula tem expectativa, e na maioria das vezes é que tudo acabe com um lindo parto natural hehe!) e ela foi viajar, curtir suas merecidas férias :).
No dia 03 de maio a Paula me ligou dizendo que estava com contrações de 3 em 3 minutos e um pouco doloridas. Como ela mora longe do hospital e o combinado foi nos encontrarmos lá resolvemos que o mais prudente seria ela ir para o hospital.
Arrumei tudo aqui, deixei um leitinho para a Lais, peguei um taxi e fui para o hospital. Detalhe: com a bola e o tapetinho hehe. Quando o taxi chegou ele achou estranho a bola e tal. Expliquei o que estava fazendo no caminho e quando ele ouviu a palavra PARTO foi rápido que nem uma flecha! Cheguei na recepção do Hospital Araucária e as recepcionistas já arregalaram o olho quando viram a bola, eu ja fui explicando que era doula da Paula que estava internada já e elas me mandaram subir.
Cheguei lá a Paula na maior tranquilidade, realmente era um TP latente, nada ativo. Ela estava com 3cm de dilatação. Pegou a bola e começou a fazer alguns exercícios (ela é fisioterapeuta) para ajudar a dilatar e o bebê descer. Esse momento foi muito gostoso, ela estava bem falante ainda e batia um sol maravilhoso no quarto. Pedimos uma salada de frutas para ela que veio com mel, ela nem tinha tomado café da manhã. A ideia inicial era ela ter o bebê ali no quarto mesmo. O marido estava tranquilo e ela também, o tempo foi passando a dilatação aumentou um pouquinho só e eu achei melhor aproveitar que a coisa estava tranquila e dar uma passada em casa pra ajeitar algumas coisas e almoçar. Mas na verdade o que eu queria era dei xar os dois sozinhos, a mulher quando fica sozinha fica mais introspectiva e isso ajuda a engrenar o trabalho de parto. A Paula foi para o chuveiro com tapetinho e bola para relaxar e fazer exercícios.
Vim pra casa com uma enxaqueca lascinante! Quando cheguei todos estavam dormindo ainda, aproveitei e tomei um remédio e cochilei um pouco. Acordei com o telefonema do marido da Paula me chamando para voltar que agora sim o parto tinha engrenado. E minha dor de cabeça tinha ido embora! :D
maio 025
Chegando lá fui tomada por um sentimento lindo de amor. Os dois ali abraçados passando pela contração juntos, dava pra sentir, quase pegar o amor que eles estavam transmitindo. Fui ajudando com posições, massagens, encorajando a Paula.
A dilatação do último toque estava em 6cm e as contrações bem fortes e intensas. Ela não conseguia mudar de posição, o marido e ela haviam combinado que se as coisas ficassem muito tensas eles pediriam analgesia. E assim foi.
O médico me permitiu entrar no centro cirúrgico para acompanhar o parto. Depois da analgesia ela ficou bem calma e voltou a ser falante hehe.
O parto foi evoluindo mas a analgesia foi perdendo o efeito. Ela pediu para aplicar mais, foi aplicado e coincidentemente ou não (os médicos juram que não, mas eu acho que sim) as contrações pararam e o Davi precisou do auxílio do fórceps para nascer. Mas foi bem tranquilo!
Como foi emocionante ver ele nascendo, eu chorei e quando fui me desculpar por estar chorando percebi que todos estavam com os zóim brilhando haha! Pedi para o pediatra colocar o Davi em cima da Paula para eles se conhecerem finalmente (mesmo com analgesia ficamos um pouco presas na maca, eu sei porque tive 2 partos com anestesia) e foi mais emocionante ainda!
Foram quase 11 horas de trabalho de parto no total, umas 5 ou 6 horas de trabalho de parto ativo.
davipaula
Davi nasceu de um VBAC hospitalar no dia 03/05/2011 às 17:34 com 3,500kg e 49cm.
Quando o Davi nasceu não nasceu só uma mãe, nasceu uma doula!
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Foi gratificante acompanhar a Paula!
"Ah Marilia, mas nem foi parto natural, nem foi parto de cócoras no meio do mato que nem índio!"
A Paula conseguiu ter um parto normal, hospitalar com um médico que raramente acompanha um parto normal, e depois de ter a primeira filha de uma cesárea. Pra ela, para o marido e para mim foi uma grande vitória! Acredito que a experiência que ela teve com o parto (que antes ela não tinha experimentado) possa ajudar ela no futuro, embora ela fale que não quer mais filhos no futuro... sei... :P
Depois de algumas semanas que deveriam ter sido só alguns dias, fiz laqueadura e fiquei de molho em casa, fui visitar a Paula para uma consulta pós parto. Davi é muito lindo mesmo! Está cada dia maior e mais esperto e matando a mãe, o pai, a irmã e a doula de orgulho!
maio 269maio 272
Se você está pensando em ter um parto normal se prepare antes, peça ajuda para uma doula, não é tão caro como parece e faz toda a diferença! Algumas parcelam o pagamento em várias vezes. E se for o caso peça para alguma amiga ou parente ser sua doula, mas se preparem busquem os grupos da Parto do Princípio, informações na internet e livros.
Até mais!

sábado, 1 de janeiro de 2011

Marilia Mercer

Parto de Cócoras - Revista Pais e Filhos
de mil novecentos e bolinha.
Minha história com o parto e coisas afins começou lá na minha infância. Minha mãe fez um trabalho sobre o desenvolvimento do bebê e o parto. Ela juntou numa pasta vermelha fascículos da Revista Pais e Filhos que mostravam o desenvolvimento do bebê mês a mês desde a concepção. Nas últimas páginas tinham os tipos de partos e eu ficava horas olhando aquelas imagens. Dias atrás em um encontro sobre a humanização do parto uma destas imagens apareceu na tela e chegou a me arrepiar. Me fez lembrar o quanto eu já estava envolvida neste universo e nem me dava conta disso. Eu ficava maravilhada com o bebê saindo e a água saindo junto. Achava tudo muito natural e bonito. 

Parto do Mateus
Eu nasci de parto normal, todos os meus irmãos também nasceram. Assim como todos os meus tios das duas famílias, materna e paterna. Eu nunca pensei em escolher para mim outra opção. A não ser que fosse necessário. Quando engravidei do meu primeiro filho mesmo sendo bem jovem optei pelo parto normal. Eu lembrava que existia parto de cócoras e pensava que teria acesso a ele no momento do parto. Mas como bem sabemos, as coisas não são bem assim. Mateus nasceu de parto normal com ocitocina e analgesia e eu deitada numa mesa de parto. Ficou comigo desde a hora que saímos da sala de parto.  Não foi nada traumático e se me perguntassem se eu ia ter outros filhos eu respondia: Com certeza que sim!
Quando meu filho estava maior fiz o curso Técnico em Radiologia na Escola Técnica da Universidade Federal do Paraná. Durante o curso conheci a Prof. Guiomar Martins. Ela nos ensinou muito sobre Humanização da Saúde. Estudar sobre a humanização me permitiu tratar os pacientes de uma forma melhor nos serviços onde eu trabalhava. Seja radiografando uma pessoa inconsciente na U.T.I. ou fazendo uma mamografia, eu sempre prezei por um tratamento humanizado. 

Mateus eu e o Biel já tomado banho.
Nosso primeiro contato foi depois
de 4 horas do nascimento :(.
O tempo passou e resolvemos ter outro filho. A gestação foi muito tranquila, mas eu não busquei saber nada sobre parto humanizado. Pensava que como o primeiro parto tinha sido ótimo o segundo também seria. Apesar de ter sido muito rápido, como o primeiro, no final do trabalho de parto eu tive algumas angústias. Eu já estava com 10cm de dilatação e me ofereceram uma anestesia ráqui. Eu aceitei. Depois disso eu não conseguia mais fazer força direito porque eu não sentia que estava respirando. O bebê demorou a sair e quase foi usado fórceps. Ele nasceu bem, mas o fato de eu me sentir incapaz, o medo de morrer ou de perder ele e ter ficado mais de 4 horas sem ver ou pegar o meu bebê, estes "pequenos detalhes", desencadearam  uma leve depressão pós-parto e alguns ataques de pânico. Quando me perguntaram quando eu teria outro filho eu respondi: NUNCA MAIS!

Buscando fortalecer o vínculo com o Gabriel por causa de toda a minha situação emocional eu comecei a carregar ele no sling. Vim para Londrina onde eu era constantemente parada na rua para saber onde eu tinha comprado o "pano" que segurava o bebê. Comecei a fabricar os slings para atender a demanda. E numa dessas buscas por artigos sobre o sling eu acabei encontrando respostas para o que tinha acontecido comigo. Se eu tivesse a oportunidade de parir o Gabriel mais ativamente eu não teria sofrido. Só o fato de mudar a posição na hora dele sair já teria melhorado muito o quadro. 
E foi assim que eu comecei a pesquisar cada vez mais sobre o assunto. Um belo dia encontrei a Patricia Bortolott,o que é doula, e numa conversa super descontraída ela me questionou alguns procedimentos realizados nos meus partos. Eu ficava pensando: O que mais que ela quer? Já não foi parto normal? Foi aí que entendi que não basta que o bebê e a mãe estejam bem no final das contas. Importa que o nascimento seja com respeito e que o parto seja uma experiência prazerosa! 

Eu e a Thelminha no GestaLondrina
Depois que esta ficha caiu eu comecei a lutar para que outras mulheres não passem pelo que eu passei. Isso foi possível graças ao Gesta. Grupo criado pela doula Patricia Merlin de Maringá. Ela precisava de alguém para organizar o grupo aqui em Londrina e eu me dispus a isso junto com a Thelma que é Enf. Obstétrica. Foi no Gesta que eu descobri a minha vontade e vocação para ser doula. E foi no Gesta também que o desejo por um terceiro filho aumentou :). Conheci a Lorena Mussi (fisioterapeuta e doula) e combinamos que primeiro eu engravidaria e ela seria minha doula e depois eu retribuiria. 

Parto da Lais 
O combinado deu certo! Engravidei pela terceira vez e desta vez estava totalmente preparada e ciente de como eu queria que fosse eu meu parto. A Lorena me doulou e foi maravilhoso! Lais nasceu um pouco antes, com 36 semanas mas nasceu muito bem! O parto foi uma experiência incrível!!! Assim que a Laís foi levada para ser examinada (por ser prematura) eu olhei para a Lorena e falei: Eu poderia ter uns 10 filhos desse jeito! Foi tudo da maneira que eu queria. Meu marido sempre comigo e não somente na hora que o bebê estava saindo, o meu médico obstetra Dr. Alessandro Galletto que respeitou todos os meus desejos mesmo a Lais sendo prematura e a Lorena perfeita como doula. Foi realmente lindo e prazeroso o parto dos meus sonhos. 
Eu doulando a Lorena

Ninguém sabia, mas a Lorena já estava grávida quando me doulou. 8 meses depois eu tive a honra de acompanhar o parto da Cecília como doula. Uma experiência incrível!
Eu comecei pelo lado "avesso". Acompanhei alguns partos antes de me formar. Agora em 2012 que fiz um curso de formação de doulas. Para mim foi muito importante ter a teoria para dar mais base à minha prática.




Tenho a consciência que não basta somente o meu serviço como doula para mudar a forma como muitos bebês nascem. O meu sonho é que aqui em Londrina o atendimento do SUS seja tão ou mais humanizado que o atendimento particular ou por convênio. E para isso eu tenho lutado junto com algumas mulheres maravilhosas como a Marisse Queiroz e a Ana Carolina Franzon. Temos levado nossas propostas para a esfera política através da Secretaria da Mulher e da Secretaria de Saúde de Londrina. 

"Para mudar o mundo primeiro é preciso mudar a forma de nascer." (Michel Odent)



Eu não tenho a pretensão de mudar todo o mundo, mas quero muito mudar o mundo ao meu redor.