segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Guia dos Direitos da Gestante e do Bebê

Oi gente!
É muito importante sabermos nossos direitos para não acabar acontecendo coisas que não queríamos e que poderíamos evitar.
O Ministério da Saúde e a UNICEF elaboraram uma cartilha sobre os direitos das gestante e do bebê.
Vou deixar ela disponível aqui no blog em um link ao lado.
Para baixar a cartilha clique na imagem abaixo.


BjoS!!!

sábado, 26 de janeiro de 2013

Por quê ter uma doula?

Muitas pessoas tem me perguntado se eu estou sabendo sobre  a proibição da entrada de doulas em duas maternidades paulistanas, onde o índice de cesarianas é altíssimo por sinal.
Sim, eu estou sabendo. Mas o que eles dizem é que na verdade não estão proibindo... estão só diminuindo o número de acompanhantes. Permitindo somente um para evitar infecção hospitalar.
A grande verdade é que não é esse o motivo. 
Muitos hospitais em países desenvolvidos permitem em um parto natural/normal a entrada de quantos acompanhantes a mulher quiser. Sendo um parto normal e não uma cirurgia o risco de infecção já é muito diminuído. Então a preocupação não deveria ser proibir as doulas que ajudam a diminuir o número de cesarianas. 
Mas eu me limito a deixar um vídeo que mostra alguns motivos para ter uma doula. 



BjoS!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Sobre como chegamos aqui e pra onde queremos ir

O parto antigamente era muito diferente do que é agora. E não estou falando do fato que muitos profissionais adoram frisar que "morriam muitas mães e bebês". Estou falando do papel da mulher no seu próprio parto. Em como ele foi mudando e por quê isso aconteceu. 
Tem uma série de vídeos que estão em inglês, mas que mostram bem essa "evolução" que aconteceu com o parto. De um evento feminino onde toda a capacidade da mulher em gerar uma nova vida era exaltada à medicalização e intervenção excessiva e a desacreditação da mulher da sua capacidade de gerar uma nova vida.
O primeiro vídeo mostra imagens de partos da história antiga. Chamam a atenção as posições verticalizadas e principalmente a cabeça da gestante sempre virada para trás. Nada de peito encostando no queixo para fazer força. A gestante já nessa época era auxiliada por outras mulheres. Muitas esculturas mostram que a gestante dava a luz em posição vertical com uma mulher na frente amparando o bebê e outra mulher suportando a gestante pelas costas. 



O segundo vídeo mostra imagens de partos dos anos 1500. São imagens Europeias. O modo como as mulheres pariam é muito semelhante ao das mulheres da Idade Antiga. As mulheres eram auxiliadas por parteiras que passavam seus conhecimentos de geração a geração. A posição vertical e a assistência por parteiras era para ricos e pobres. O parto na casa da mulher reunia outras mulheres com habilidades para auxiliara parturiente durante o parto e nos dias que sucediam. Mas muito mais que isso, elas iam também para celebrar o nascimento do novo bebê.



O terceiro vídeo mostra imagens de parto dos anos 1800. Imagens feitas por antropologistas mostram ainda a mulher em posição vertical e sustentada, geralmente pelo companheiro ou algo que elas pudessem segurar. Essas imagens foram feitas de nativos americanos. Comparativamente as posições de parto adotadas pelas nativas americanas eram muito semelhantes as posições adotadas por outras mulheres em outras culturas ao redor do mundo. Até as mulheres europeias pioneiras que viviam na America geralmente davam a luz em posição vertical e eram auxiliadas por seus maridos, amigas e às vezes por um médico. Muitas vezes usavam uma cadeira para parir herança da cultura europeia. Nessa época também era comum algumas mulheres parirem deitadas, recostadas em camas. Isso as diferenciava do povo "selvagem".
Ao final ela mostra que as posturas que sempre foram usadas através dos tempos tem sido resgatadas e usadas hoje em dia.



O quarto vídeo mostra as mudanças que houveram na maneira como as mulheres davam a luz. Lá pelos anos de 1600 os homens começaram a atender os partos. E inventaram os mais diversos instrumentos para isso. Primeiro eles eram chamados somente nos casos mais difíceis. Por causa da discrição eles deveriam trabalhar sob um lençol que cobria a mulher. O fato dos médicos serem homens fez com que muita coisa mudasse na maneira como se tratavam as mulheres durante o parto que cada vez menos eram realizados em casa. As mulheres se obrigavam a deitar para terem seus bebês, mesmo em partos sem nenhuma complicação. Aos poucos a mulher virou um objeto de estudo, era manipulada, estudada e tratada como uma máquina. Pela primeira vez na história encontramos ilustrações onde não se vê a mulher inteira em trabalho de parto. Só se vê a parte genital.
Na mesma época algumas mulheres continuavam parindo com as parteiras e em posição vertical.
Naquela época não havia conhecimento sobre vantagens e desvantagens de ficar deitada ou vertical curante o trabalho de parto. Hoje sabemos que a posição deitada influencia o aporte de oxigênio para o bebê pois a barriga pressiona os principais vasos sanguíneos da mãe. E pode tornar o parto mais demorado. Além do prejuízo que tivemos quando começaram a deitar as gestantes para elas parirem, temos também um prejuízo psicológico. Se antes a mulher paria cercada de pessoas em que ela confiava, agora ela fica deitada, sozinha e passiva.
A posição de litotomia (deitada com os pés em um estribo), foi adotada como a posição padrão para o parto. Bem diferente da posição clássica que as mulheres ao redor do mundo adotavam instintivamente para terem seus filhos. A mulher toda coberta e somente sua vulva para fora dos panos estéreis faz com que um parto normal pareça um procedimento cirúrgico. A mulher muitas vezes estava inconsciente, sob o efeito de drogas anestésicas. Nesta época também se tornou comum fazer a episiotomia (corte no períneo) de rotina e se usava muito o fórceps. As mulheres eram poucos instruídas sobre o que esperar quando iam para os hospitais. O que elas tinham que fazer era simplesmente confiar no médico. As parteiras continuavam a atender famílias que tinham menos dinheiro. Foi nessa época que se reforçou que parir em casa era "coisa de pobre". Mais tarde até o parto em si acabou sendo visto assim.
Hoje em dia na Europa as parteiras fazem parte do mais moderno sistema obstétrico. Mas nos EUA as mulheres não são encorajadas a ter o acompanhamento de parteiras e o parto é cheio de intervenções desnecessárias. O Brasil infelizmente copia o modelo obstétrico americano.

No quinto vídeo vemos as consequências dessas mudanças.
Apesar de ter trazido muitos benefícios, como a cesariana ter se tornado mais segura, os hospitais modernos  e a prática obstétrica moderna trouxe com eles o abuso das intervenções e o abuso das cesarianas. O uso abusivo da anestesia peridural traz como consequência o aumento do índice de cesáreas. Enquanto o parto fica cada vez mais medicalizado as mulheres começam a lutar por mudanças. O movimento pelo Parto Natural (Humanizado) trouxe muitas melhorias para os hospitais. Reforçando a posição mais vertical para parir. Muitos hospitais tem camas que se adaptam ou cadeiras de parto para possibilitar uma posição mais vertical para a mulher. Famílias conseguiram o direito de terem acompanhantes durante o parto e muitos hospitais encorajam as mães e segurarem seus bebês logo que ele nasce para promover o vínculo e facilitar a amamentação. Parteiras tem trabalhado para ocupar o seu lugar pois são as melhores profissionais para atender partos de baixo risco tanto no hospital quanto em casa. E muitos lugares as mulheres podem contar com o auxílio de uma doula para ajuda-las emocionalmente durante o parto.
Está na hora de resgatarmos a melhor maneira que nosso corpo tem para parir.




Eu fiz um breve resumo do que se fala em cada vídeo. Ele mostra como chegamos ao parto medicalizado e cheio de intervenções desnecessárias.
E afinal, para onde queremos ir?
Queremos que as mulheres possam parir da melhor maneira possível para elas. Isso é mais saudável para as mãe se para os bebês. Nós temos tecnologia para acompanhar partos e para intervir SE preciso. Mas usar intervenções de rotina como sendo necessárias em todos os casos é um erro. E prejudica o processo do parto muito mais do que se imagina.
Temos condições hoje em dia de parir com liberdade e com muito mais segurança que nossos ancestrais.
E lutamos por isso.

BjoS!

domingo, 20 de janeiro de 2013

Apresentações do bebê

As apresentações do bebê dentro do útero. Não gente, eles são muito novos para apresentações artísticas, embora os chutes e alongamentos evidenciem algum talento especial ;) . 
Estou falando em como eles ficam lá dentro do útero e como isso pode influenciar o parto.

Apresentação dos bebês no útero

Como seu bebê está dentro da sua barriga? E como isso pode afetar seu parto? Lembrando que antes da 32ª semana mais ou menos, o bebê tem muito espaço para se movimentar dentro do útero e não é motivo para se preocupar se ele estiver em uma das posições que dificultam ou impossibilitam um parto normal. E mesmo após a 32ª semana eles podem virar e assumir uma posição favorável ao parto.

Apresentação Cefálica
A grande maioria dos bebês, mais de 90% deles ao final da gestação assumem a posição transversa ou cefálica. Eles ficam com a cabeça para baixo em direção ao canal de parto. É o ideal para o parto normal.

Apresentação Pélvica
Apresentação Cefálica, Pélvica e Transversa
Ele pode estar pélvico, sentado “em cima” do canal de parto. Existem muitos exercícios que podem ser feitos para o bebê virar. Caso ele não vire ainda há uma manobra chamada Versão Externa que pode recolocar o bebê em posição cefálica. Mas se não for feita a manobra e o médico ou parteira não forem experientes em partos pélvicos, a indicação é se fazer uma cesariana. É possível sim um bebê nascer pélvico, mas temos cada vez menos profissionais habilitados a acompanhar este tipo de parto. 

Apresentação Transversa
Ele pode estar transverso, ou “atravessado” dentro do útero. Nesta posição se não for tentado a Versão Externa ou ela não foi bem sucedida é indicação absoluta de cesariana. 

Posição do bebê

Acima os bebês Posteriores a direta e a esquerda
No meio os bebês transversos à direita e à esquerda
Abaixo os bebês Anteriores à direita e à esquerda
Ele ainda pode ser classificado pela posição que sua face está apontando dentro do útero.

Ele está Anterior quando está “olhando” para as suas costas. Então as costinhas do bebê estão ao longo da sua barriga. Se as costinhas estão mais para o lado esquerdo está “anterior esquerdo” e se as costinhas estão mais para o lado direito “anterior direito”. A posição Anterior é a que permite que o bebê saia mais facilmente pela pelve.

Ele está Posterior quando está olhando para frente da sua barriga e de costas para as suas costas. Da mesma maneira ele pode estar “Posterior Esquerdo” ou “Posterior Direito” de acordo com o lado que ele fica. Bebês posteriores nascem de parto normal, mas costumam ser partos um pouco mais demorados e doloridos.
Bebês que assumem a posição posterior podem virar anteriores até mesmo na hora do parto. Mas se permanecerem posteriores o ideal é evitar ficar deitada e assumir posições que ampliem o canal do parto, como por exemplo ficar em quatro apoios ou na posição genupeitoral. Pode-se tentar ainda manobras com o rebozzo para que o bebê consiga virar.

Também podemos classificar a posição de acordo com a parte do bebê que vai encaixar no canal do parto.

A - Fletido (posição ideal). B - Neutro ou fronte. C- Defletido
E suas proporções na pelve materna
Defletido: Quando o bebê está com a cabeça “para trás” e não fletida para a frente ele assume uma posição que faz com o que  o diâmetro maior do crânio do bebê encaixe na pelve e isso pode causar uma desproporção dependendo do tamanho da pelve da mãe. Também só é detectável durante o trabalho de parto e se o bebê não mudar de posição a indicação é uma cesariana. Ele pode também estar numa posição neutra "de fronte" com a cabeça nem fletida e nem defletida. Isso aumenta o diâmetro do crânio também. Pode-se usar o rebozzo para ajudar o bebê a fazer a flexão ou tentar as posições que ampliam o canal do parto ou se o bebê não fizer a flexão.

Face com o queixo anterior (a) e posterior (b)

Face: quando o bebê encaixa com a face no canal do parto. É também uma apresentação bastante defletida. Alguns bebês nascem nesta posição, mas dependendo de como ele encaixa, por ser a face um dos diâmetros maiores do crânio do bebê, pode causar uma desproporção céfalo-pélvica. Mesmo a pelve da mãe sendo de um tamanho ideal para o parto, a maneira como o bebê encaixou e o tamanho da pelve da mãe impede ele de descer. É bem raro acontecer e só pode ser detectado em trabalho de parto, mas se acontecer a indicação é uma cesariana.


 A -  Assinclitismo Parietal Anterior.
B - Sinclitismo (posição ideal).
C - Assinclitismo Parietal Posterior

Assinclitismo
É quando a cabeça do bebê fica inclinada para o lado direito ou esquerdo. Pode acontecer para ajudar o bebê a descer se “moldando” a pelve da mãe. Mas se for um assinclitismo severo pode causar desproporção céfalo-pélvica levando a uma cesariana.

Algumas coisas podem ser feitas para ajudar o bebê a ficar em uma boa apresentação e posição para nascer:

Evitar sentar reclinada em cadeiras ou sofás
Preferir sentar na posição de “índio” ou sempre com a barriga mais para frente
Caminhar
Fazer exercícios com a bola.


É importante se informar para saber no momento do parto o que podemos fazer para facilitar a descida do bebê e também quando uma cesariana é necessária.

O Rebozzo é uma técnica muito usada e difundida pela parteira mexicana Naoli Vinaver para ajudar o bebê a ficar em uma posição melhor para nascer. É um tecido que é usado para movimentar a pelve da mãe permitindo o bebê se mover dentro do útero. Em vários casos de mal posicionamento do bebê ele pode ser usado.

Até mais!

Fonte: