quinta-feira, 13 de março de 2014

Relato de Parto da Isabeli - Nascimento da Laura Terumi

Fazia pouco mais de 6 meses que eu tinha me mudado para Londrina, e eu e o André achamos que já era hora de noss@ filhinh@ nascer. De certa forma foi um susto, pois não achávamos que eu ficaria grávida tão rapidamente. Logo que descobri que estava grávida comecei a procurar sobre grupos de gestantes aqui em Londrina. Eu não sabia nada sobre gestação nem sobre parto. Só sabia que queria um parto normal. Na minha cabeça parto normal era aquele que a mulher ficava na maca, semi-deitada, o médico gritando “Empurra, empurra!” e a criança levando tapa na bunda de cabeça para baixo. Com essa vontade de ter parto normal foi que encontrei o Gesta Londrina. O pouco que sei sobre partos aprendi no Gesta Londrina, o que foi essencial para que eu mudasse meus conceitos e quisesse um parto humanizado. Logo depois da primeira reunião no Gesta eu e o André já falamos para a Marília que queríamos que ela fosse nossa doula, e ela nos acompanhou a gravidez toda. A minha gravidez foi muito tranquila, mas quando eu estava com 34/35 semanas de gestação a Terumi quis nascer. O André tinha ido viajar no domingo e na segunda de madrugada acordei com dor na bexiga e cólica. Liguei para o obstetra, e ele me mandou ir para o hospital Evangélico, para me examinar e colher alguns exames. Chorei, pois tive medo de ter um parto prematuro e liguei para o André. Depois falei com a Marília, e aí eu me acalmei mais, e comecei a pensar que ainda não era a hora da Terumi nascer. Mas infelizmente eu estava com contrações e tive que ficar internada para tomando medicamento para inibir o nascimento prematuro. O que me marcou nesse episódio não foi somente o medo de um parto prematuro, mas principalmente o caso de uma gestante que dividiu o quarto comigo. A moça chegou com cesárea agendada à meia-noite. Um pouco antes das oito da manhã vieram buscá-la para fazer a cirurgia, e mais ou menos uns 20 minutos depois o marido dela apareceu falando que o bebê já tinha nascido. Pensei: “- Até que não é mau! Ela saiu bem daqui e o bebê já nasceu, e pelo que consta está tudo bem com os dois.” Mas essa moça só foi voltar para o quarto à uma e meia da tarde. Até então ela não tinha estado com o bebê e nem tinha amamentado. Eu fiquei chocada com isso, e com a condição dela, pois o pós-operatório da cesárea foi bem chocante, pelo menos para mim e ao contrário do que sempre ouvi. Ela não deve ter sentido tanto, pois ainda estava dopada. Depois que ela chegou no quarto trouxeram o bebê e ela ficou lá, toda cortada tentando amamentar o bebê e ao mesmo tempo dar atenção para as (muitas!) visitas. Depois desse episódio eu fiquei ainda com mais medo de passar por uma cesárea. Fiquei três dias no hospital, e continuei com a medicação mais um tempo em casa. Mas depois que parei com os remédios, todas as noites eu tinha contrações, com intervalos aleatórios e que passavam depois de algumas horas.

Quando eu estava com 36/37 semanas de gestação, fiz um ultrasom que acusou que a Terumi estava com 3,2 kg. O médico me disse: “- É bom essa bebê nascer logo, senão não vai ter encaixe encéfalo-pélvico e não vai dar para ser parto normal.” Eu saí do consultório super preocupada, querendo que a Terumi nascesse naquele mesmo dia. Desde então eu comecei a ficar ansiosa e fiz o que eu pude para ela nascer logo: caminhada, comida apimentada, etc. Quando eu estava com 39 semanas, no auge da minha ansiedade, pedi para a Lorena – que também é doula no Gesta - fazer acupuntura em mim, só para me acalmar. Depois da acupuntura me senti bem melhor, e à noite fui à casa da Marília pintar minha barriga. 
Saí de lá morrendo de fome, e paramos em uma lanchonete para comer um “hamburgão”! Logo depois vim para casa, tomei um banho, me deitei e começaram as contrações, como de costume. Porém daquela vez estavam com intervalos menores, e mais ritmadas. As contrações começaram às onze da noite. Quando percebi que estavam diferentes, acordei o André, que não deu muita importância, pois ele achava que ainda ia demorar para a Terumi nascer. Eu comecei a andar, fui para o chuveiro, e as contrações mais fortes. Tive diarreia e vomitei, e me lembrei de que era o meu corpo se preparando para o parto da Tetê. Acordei o André novamente, que aí acreditou que era para valer e começou a marcar os intervalos. Ficamos no banho, ele fazendo massagem nas minhas costas, e a dor só aumentando. Às três horas da manhã, vi que precisava da Marília e liguei para ela. Ela veio logo e foi um alívio! Praticamente esqueci o André, pois a Marília me fazia ter foco, relaxar, e diminuir a dor. Às cinco da manhã achei que era hora de ir para o hospital. Fomos para o Hospital Araucária, e lá uma enfermeira fez o toque e viu que eu estava com 5 centímetros de dilatação. Fomos para o quarto e lá ficamos, os quatro – André, Marília, Terumi e eu. Eu sentia muita dor e já nem ligava mais em ficar pelada na frente de qualquer pessoa, nem de vomitar, e nem de gritar – só queria que minha dor diminuísse e a Terumi nascesse logo. Eu sentia muita dor, bati no André, gritei com a arrumadeira do quarto (que quis abastecer o frigobar no meio de uma contração!!!), mordi a toalha – um show! O médico só entrava, via como estava a situação e não intervinha.
Ele cumpriu o que tinha me dito em consulta: “- No parto normal eu não faço nada, quem vai fazer é você. Só estarei lá para garantir o atendimento para você e a bebê caso haja alguma situação fora do previsto.” As contrações foram ficando cada vez mais intensas e com intervalos menores. Quando percebi que o expulsivo estava próximo só me lembrava do médico dizendo que se ela fosse muito grande não daria para fazer o parto normal. Também senti medo, pois não sabia o que esperar do expulsivo. E se eu não conseguisse empurrar a Terumi? E se eu tivesse que fazer uma cirurgia? Nesse momento eu já não conseguia mais me concentrar e a dor nas costas era muito intensa. 

Então pedi analgesia. Aí começou outra luta: convencer o André e a Marília de que eu queria a analgesia. Entre uma contração e outra as discussões, e a Marília me lembrando de todas as implicações da analgesia. Eu teria que ir para o centro cirúrgico, teria que ficar deitada na maca, os batimentos da Terumi e as contrações poderiam diminuir e isso tudo poderia resultar na cesárea. Eu sabia dos riscos, mas eu estava tão fora de mim por causa da dor e do medo da cirurgia que eu acreditei que se eu parasse de sentir dor eu conseguiria ter o parto normal. Não seria exatamente do jeito que nós tínhamos imaginado, humanizado, no aconchego do quarto, com música e luz suave, mas seria um parto normal, e naquele momento, para mim isso era o mais importante. Depois de um tempo, quando já estava ensandecida de dor e via que eles não iriam procurar o médico para falar sobre a analgesia eu falei: “- Eu vou lá fora gritar que quero analgesia!” E fui saindo, peladona! Depois desse chilique, só me lembro de duas enfermeiras chegando com uma maca, pedindo para eu deitar. Eu disse que não deitaria, pois não conseguia. Aí fui sentada, abraçada na Marília e ela do meu lado tentando acompanhar a maca. Chegando no centro cirúrgico não deixaram a Marília entrar. Veio um médico e disse: “- Só o pai pode entrar no centro cirúrgico.” Eu disse: - “Quem é você?” E ele: “O anestesista.” Nessa hora, foi horrível, pois a presença da Marília era muito importante. Eu só tinha conseguido chegar até lá por causa dela. Ela me deu muita confiança, me fez ficar focada na respiração, relaxar, teve paciência com meus gritos. Mas tive entrar para o parto sem a minha doula. As enfermeiras saíram e me deixaram lá, sozinha. Eu olhei para os lados e comecei a gritar: “- Cadê o meu obstetra?” Aí chega o meu médico, e eu grudo na mão dele, apertando. Nessa hora ele deve ter pensado que seria melhor se tivesse insistido para a Marília entrar! Depois disso fiquei chamando pelo André. O médico me disse que ele só entraria depois de todo o procedimento de analgesia. Mas esse procedimento, para mim, foi muito longo, e eu fiquei chamando pelo André e por isso o médico e as enfermeiras ficaram bastante impacientes comigo. 

Quando a dor começou a passar, eu consegui deitar e o André chegou. Depois disso uma enfermeira tentou amarrar minha perna, mas eu pedi que não, o que foi atendido. Eu estava cansada e com sede e pedi água para o anestesista, que negou. Esperei meu médico voltar e pedi água a ele, que disse para a enfermeira me dar um pouco de água. Eu não sentia mais dor, mas podia sentir e mexer minhas pernas. Devia ter, além dos médicos, umas três enfermeiras que eu acredito que estavam ali mais para assistir a um parto normal do que para realmente auxiliar. Ao que parece, partos normais são raros naquele hospital. As contrações também ficaram mais espaçadas. Em um momento, eu não me lembro o que disse para o médico e ele me respondeu: “-Ainda nem sabemos se essa menina vai mesmo nascer de parto normal!”. Então eu disse: “Ah! Ela vai nascer de parto normal sim!!”. Apesar das situações desagradáveis do início, o ambiente da sala de cirurgia estava leve, não com o aconchego e privacidade do quarto, claro. Os médicos faziam brincadeiras, chamando a Terumi e um bem-te-vi insistia em entrar na sala pela janela fechada. Eu fui ficando mais segura e determinada a cada momento, e a cada vez que o médico dizia que começava uma contração eu empurrava com bastante força. Em um momento ele disse que a Terumi tinha coroado, e cortou um pedaço do cabelinho dela para me mostrar que ela já estava chegando. Eu continuava empurrando, até que ele pediu para eu parar. Era 11:14 h da manhã de 29 de agosto de 2013 quando a Terumi nasceu. Eu a senti saindo de mim, mas acho que se não tivesse com a analgesia teria sido mais intenso. Infelizmente não pude vê-la nascendo, devido à posição em que eu estava. Olhei para o André, que tinha estado todo o tempo do meu lado, me apoiando. Ele estava chorando muito pois tinha visto todo o nascimento de um local privilegiado. E então eu comecei a chorar também. Depois de um tempinho, perguntaram se ele queria cortar o cordão. Aí o pediatra trouxe a Terumi, toda quietinha, para o meu peito. Eu a abracei e logo ela começou a mamar. Ela ficou um tempo comigo, mamando, e eu olhando para aquela carinha linda. Ela só chorou quando a levaram para fazer os procedimentos. A partir daí não nos desgrudamos mais, até hoje!!


P.S. da Doula: Laura Terumi nasceu com 2,900 kg bem diferente dos 3,800 kg que ela estaria se a ecografia que mostrou que a bebê estava "grande demais" estivesse correta.

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