Muito bom este programa onde participam duas mulheres que fizeram parto domiciliar (uma delas um parto hospitalar também) e uma médica conselheiras do CRM/MG.
quarta-feira, 27 de junho de 2012
Vídeo Cesárea Desnecessária
Um vídeo muito interessante que foi postado no blog da Cientista Que Virou Mãe.
Eu cheguei a me emocionar ao ver pessoas lutando tão lindamente pela causa do nascimento com respeito.
O vídeo é de Porto Rico mas a realidade no Brasil é a mesma.
Até mais!
Eu cheguei a me emocionar ao ver pessoas lutando tão lindamente pela causa do nascimento com respeito.
O vídeo é de Porto Rico mas a realidade no Brasil é a mesma.
Até mais!
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Local:
Londrina - PR, Brasil
terça-feira, 26 de junho de 2012
O nascimento do ponto de vista DO BEBÊ
Escrito por Ana Paula Caldas (Neonatologista em Campinas/SP)
Após 9 meses, aproximadamente 280 dias, 40 semanas ou 9 luas o bebê finalmente está pronto para nascer. O feto, completamente formado desde as 12 semanas, levou todo este tempo para crescer e amadurecer dentro do útero. No final da gravidez ele dá sinais que está maduro e inicia-se o trabalho de parto. Sua circulação é inundada de hormônios que sinalizam o nascimento iminente. As contrações uterinas massageiam o seu corpinho e dão a noção do ritmo. Finalmente, a passagem pelo estreito canal de parto comprime o tórax do bebê, auxiliando na saída do líquido amniótico presente em seus pulmões, boca e narinas. O bebê nasce, e enquanto permanece ligado à placenta pelo cordão umbilical que pulsa não há pressa em respirar. Nos braços da mãe, ele conhece o novo espaço, espirra, tosse e finalmente respira. Às vezes chora vigorosamente, às vezes apenas resmunga. Em alguns minutos, os pulmões expandem, a circulação fetal deixa de existir e a placenta não é mais necessária. O cordão umbilical para de pulsar e pode ser cortado. Enquanto isso, mãe e filho se reconhecem, trocam cheiros, o som do coração da mãe acalma o bebê, que lentamente começa a procurar o seio. Depois de mamar, o bebê adormece e descansa por um longo período, se recuperando dessa grande jornada.
A sequência descrita acima foi planejada pela natureza ao, longo de milhares de anos de evolução.
Infelizmente, este processo fisiológico não é respeitado na maioria das maternidades brasileiras. Aproximadamente 40 % dos bebês da rede pública e 80% da rede privada nascem através de cesariana. Grande parte deste número – principalmente na rede privada- correspondem 'as cesarianas eletivas (aquela marcada por conveniência do médico ou da mulher ). Nestes casos, o bebê não sabe que vai nascer. Não foi avisado pelo trabalho de parto, não recebeu os hormônios necessários, não sentiu o ritmo das contrações nem passou pelo canal de parto. Frequentemente estava dormindo no momento do nascimento. Tem que passar de feto a gente que respira em segundos. Seus pulmões, boca e nariz estão cheios de líquido amniótico. Só resta ao bebê aterrorizado a opção de chorar para expandir os pulmões e concluir à força o processo de transição.
A criança é levada a um berço aquecido, onde é vigorosamente enxugada. Geralmente o pediatra introduz uma sonda em sua boca e narinas para aspirar as secreções. A criança é pesada, medida, classificada e identificada. Rapidamente é apresentada à mãe, que não pode segurá-lo porque tem as mãos presas na mesa cirúrgica.
O bebê então é levado ao berçário, onde é colocado em um berço aquecido, observado pela família através de um vidro. Ali ele recebe um colírio de nitrato de prata, cujo objetivo é prevenir uma eventual conjuntivite pela bactéria causadora da gonorréia. É provável que suas pálpebras fiquem inchadas e doloridas em consequência do colírio. Ele recebe ainda uma injeção intramuscular de vitamina K, medicação usada para prevenir um distúrbio de coagulação.
Através do vidro do berçário observamos o recém nascido, sozinho no berço aquecido. A agressão sensorial foi tamanha que muitos dormem, exauridos. Outros choram e se debatem, observados pela família orgulhosa..
Algumas horas depois, o banho. O recém nascido é lavado com água morna, na banheira ou sob a torneira da pia. É preciso lavá-lo e remover qualquer vestígio de sangue ou vérnix. É necessário que ninguém perceba que o bebê nasceu de um útero, lugar cheio de mistérios. A criança é vestida e finalmente será amamentada.
A mãe recebe o pequeno estranho... que sequer viu nascer através dos panos estéreis da cirurgia. O pequeno estranho não tem seu cheiro, aliás cheira a algum produto químico. O pequeno estranho está sonolento, porque durante o período fisiológico de vigília estava no berçário. Depois de algum esforço, afinal consegue mamar. A natureza felizmente continua sábia e é através da amamentação que a mãe e o pequeno estranho vão enfim criar vínculos.
sábado, 23 de junho de 2012
Como era parir em casa antigamente?
Depois da Marcha do Parto em casa várias pessoas me questionaram sobre a validade deste movimento todo.
- Por que não vão lutar pela humanização do SUS?
- Por que não vão lutar pra diminuir as cesáreas?
Então minha gente, o fato é que pensando bem o CRM não deveria estar preocupado com isso invés de perseguir os profissionais que atendem os pouquíssimos partos domiciliares que acontecem (e são bem sucedidos) aqui no nosso Brasil de meu Deus?
Há um tempo atrás uma senhora começou a trabalhar aqui em casa. Dona Therezinha. Lógico que uma hora eu ia acabar falando de parto com ela. Se isso vira assunto até quando estou fora de casa, imagina aqui? E me surpreendi com o história da vida dela. Teve 12 filhos (uma faleceu na infância) todos de parto natural e em casa. 3 foram desassistidos porque não deu tempo da parteira chegar. E como se toda esta experiência não bastasse a parteira era a mãe dela! Pedi pra ela contar um pouco da vivência dela nos partos.
De maneira alguma eu estou incentivando as mulheres a terem seus bebês em casa sem assistência nenhuma como era naquela época para a Dona Therezinha. Eu quero só que prestem atenção nas palavras dela, de como o parto para ela não era um sofrimento. E o mais engraçado foi quando ela me falou que ficava até meio sem graça de falar isso para outras mulheres, que o parto não foi sofrido, porque elas não entendiam.
Só tenho a agradecer ter conhecido alguém tão linda e especial!!!
Com vocês, Dona Therezinha!
BjoS!!!
sexta-feira, 15 de junho de 2012
Nasceu Anna Carolina da minha amiga querida Kaká
A Kaká eu conheci assim que me mudei para Londrina. Foi quem me apresentou as meninas do Gesta. Ela tinha mudado recentemente do Rio de Janeiro pra cá. Muito mais que uma cliente, ela é minha amiga querida. Me ajudou muito quando estive internada e quando a Lais nasceu. Dinda da Lais :).
A Bia sua primeira filha nasceu através de uma cesárea mal indicada. Ela se preparou por 5 anos para conseguir ter a Carol de parto normal. E me escolheu como doula.
Foi muito especial para acompanhar este parto. Estou que não caibo em mim de felicidade porque minha amiga é uma guerreira!!!
Parabéns Kaká!!!
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quinta-feira, 14 de junho de 2012
Marcha do Parto em Casa
Nos próximos sábado e domingo (16 e 17/06), mães, pais, crianças, médicos humanistas, enfermeiras obstetras, obstetrizes e demais profissionais, entidades civis e movimentos sociais envolvidos com a Humanização da Assistência ao Parto e Nascimento no Brasil farão marchas em todo o Brasil.
O movimento nacional surgiu como resposta à decisão do Conselho Regional de Medicina do
Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) de enviar denúncia ao Conselho Regional de Medicina
do Estado de São Paulo (Cremesp) contra o obstetra paulista Jorge Kuhn por conta de sua
participação em reportagem do Fantástico exibida no último domingo (10/06), em que defende o parto em casa.
O motivo que justificou a inclusão de uma matéria sobre o tema parto domiciliar no programa
dominical da TV Globo foi o vídeo de um parto em casa realizado em Campinas, SP, e
postado no You Tube, que atingiu mais 2,5 milhões de views em pouco mais de dois meses. A reportagem mostrou trechos do vídeo, com uma linda mãe dando à luz seu primeiro filho em tranquilamente em casa, ao lado do marido, assistida por uma equipe composta de obstetriz, pediatra e duas doulas. E concluiu que, para mulheres saudáveis, que não apresentarem nenhuma intercorrência durante o pré-natal, é possível dar a luz em casa com segurança.
O médico Jorge Kuhn, ginecologista e professor da Universidade Federal de São Paulo
(Unifesp) é um dos expoentes da Humanização do Parto e Nascimento no Brasil. “Não é um
procedimento cirúrgico. Parto não é um ato cirúrgico. O parto é um ato natural”, opinou ele
na reportagem que gerou essa fortíssima retaliação por parte do Cremerj, conforme notícia
publicada nesta segunda-feira (11/06), pelo Jornal do Brasil.
A Marcha acontece em diversas cidades (Rio de Janeiro, Florianópolis, Porto Alegre, Recife,
Campinas e São José dos Campos estão entre elas). Em São Paulo, estão convidadas mais de duas mil pessoas para o manifesto, que também será divulgado em blogs e redes sociais.
Contamos com o apoio da seguintes entidades e organizações de profissionais e usuárias que atuam em prol dos direitos da mulher e da Humanização do Parto:
ReHuNa – Rede pela Humanização do Parto e do Nascimento
Amigas do Parto
Parto do Princípio – Mulheres em Rede pela Maternidade Ativa
GAMA – Grupo de Apoio à Maternidade Ativa
Grupo Samaúma
MAHPS - Movimento de Apoio à Humanização do Parto
Criamos também uma Petição Pública em prol de um debate cientificamente
fundamentado sobre o local do parto. Esse manifesto já foi assinado por milhares de pessoas, dentre as quais médicos e professores de renome nacional e internacional, e deverá ser levado em breve ao conhecimento do Conselho Federal de Medicina.
Solicitamos o apoio da imprensa na cobertura do evento e no apoio à causa, que além da defesa da liberdade de escolha da mulher pelo local de parto, conforme recomenda a Organização Mundial da Saúde (OMS), envolve todo o movimento de Humanização do Parto e Nascimento.
Marcha do Parto em Casa: todos na luta pelo direito de escolha da mulher!
Quando: domingo, 17 de junho, às 14h
Local: Parque Mário Covas, Avenida Paulista, 1853 (próximo à Al. Ministro Rocha Azevedo).
Informações para a imprensa: Luciana Nervegna (mediadora do evento no Facebook e colaboradora SP) – tel. (11) 8296-5753.
Leia também:
- NOTA DE REPÚDIO AO CREMERJ de Ana Cristina Duarte
- CARTA ABERTA À SOCIEDADE - Dr. Ricardo Herbert Jones
Pelo Brasil:
MARCHA DO PARTO EM CASA
Rio de Janeiro - RJ
Local: Praia de Botafogo, altura do IBOL - Passeata até o CREMERJ (Rua Farani)
Data: 17 de Junho, domingo
Horário: 10h da manhã
Contatos: Ingrid Lotfi (21) 9418-7500
São Paulo - SP
Local: Parque Mário Covas (av Paulista 1853) - Passeata até o CREMESP
Data: 17 de Junho, domingo
Horário: 14h da tarde
Contatos: Ana Cristina Duarte (11) 9806-7090
São José dos Campos - SP
Local: Praça Affonso Pena perto dos brinquedos
Data: 16 de junho, sábado
Horário: 10h da manhã
Contato: Flavia Penido (12) 91249820
Campinas - SP
Local: Praça do Côco /Barão geraldo
Data 17 de junho, domingo
Horário: 14h da tarde
Contato: Ana Paula (19) 97300155
Ribeirão Preto - SP
Local: Esplanada do Teatro Pedro II
Data: 16 de junho, sábado
Horário: 14h da tarde
Contato: Marina B Fernandes (16) 9963-9614
Sorocaba - SP
Local: Parque Campolim
Data 17 de junho, domingo
Horário: 10h da manhã
Contato: Gisele Leal (15) 8115-9765
Ilhabela - SP
Local: Praça da Mangueira
Data: 17 de junho, domingo
Horário: 11h da manhã
Contato: Isabella Rusconi (12) 96317701 / Alejandra Soto Payva (12) 91498405
Vitória - ES
Local: Praia de Camburi - Ponto de encontro em frente ao Banco do Brasil
Data: 17 de Junho, domingo
Horário: 9h da manhã
Contatos: Graziele Rodrigues Duda 8808-8184
Brasília - DF
Local: próximo ao quiosque do atleta, no Parque da Cidade - Passeata até o eixão
Data: 17 de Junho, domingo
Horário: 09h30h da manhã
Contatos: Clarissa Kahn (61) 8139-0099 e Deborah Trevisan (61) 8217-6090
Belo Horizonte - MG
Local: Concentração na Igrejinha da Lagoa da Pampulha
Data: 16 de junho, sábado
Horário: 12h30 da tarde
Contato: Polly (31) 9312-7399 e Kalu (31) 8749-2500
Recife - PE
Local: Conselheiro Portela, 203 - Espinheiro - Em frente ao CREMEPE
Data: 17 de junho, domingo
Horário: 15h da tarde
Contatos: Paty Brandão (81) 8838 5354 \ 9664 7831, Patricia Sampaio Carvalho
Fortaleza - CE
Local: Aterro da Praia de Iracema
Data: 17 de junho, domingo
Horário: 17h da tarde
Contato: Semírades Ávila
Salvador - BA
Local: Cristo da Barra até o Farol
Data: 17 de junho, domingo
Horário: 11hrs da manhã
Contato: Daniela Leal (71) 9205-9458, Anne Sobotta (71) 8231-4135 e Chenia d'Anunciação (71) 8814-3903 / 9977-4066
Curitiba - PR
Local: Rua Luiz Xavier - Centro - Boca Maldita
Data: 16 de junho, sábado
Horário: 11 hrs da manhã
Contatos: Inês Baylão (41) 9102-7587
Londrina - PR
Local: Calçadão em frente ao chafariz
Data: 16/06/2012
Horário: 12:00
Contatos: Marilia Mercer (43) 9995-4469 e Tami Somera (43) 9981-2961
Florianópolis - SC
Local: Lagoa da Conceição - concentração na praça da Lagoa, onde acontece a feira de artesanatos
Data: 17 de Junho, domingo
Horário: 15h
Contatos: Ligia Moreiras Sena (48) 9162-4514 e Raphaela Rezende (raphaela.rnogueira@gmail.com)
Porto Alegre - RS
Local: Parque Farroupilha (Redenção), Concentração no Monumento ao Expedicionário
Data: 17 de junho, domingo
Horário: 15:00hrs
Contatos: Maria José Goulart (51) 9123-6136 / (51) 3013-1344
sexta-feira, 8 de junho de 2012
Indicações reais e fictícias para a cesariana
A cesariana sem necessidade é uma epidemia no Brasil. As gestantes sofrem com a falta de informação e sobra de inocência em acreditar em tudo o que o médico diz sem ao menos pesquisar ou procurar uma segunda opinião. A conveniência de alguns médicos, infelizmente a maioria deles, e a falta de preparo para acompanhar um parto normal colaboram com este quadro.
O número de mulheres que se submetem a cesárea para o nascimento dos seus filhos é muito grande no nosso país e bem além do que seria aceitável pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
O número de mulheres que se submetem a cesárea para o nascimento dos seus filhos é muito grande no nosso país e bem além do que seria aceitável pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
A médica obstetra Melania Amorim mantém uma lista sempre atualizada dessas indicações.
Se prepara que a parte de indicações falsas é ENORME!
Segue o texto e a lista:
Parte 1 Indicações de Cesariana Baseadas em Evidências - Parte 1
Parte 2 Indicações de Cesariana Baseadas em Evidências - Parte 2
Parte 3 Condições frequentemente associadas à Cesariana sem respaldo científico
Segue a lista (em constante atualização):
2) Descolamento prematuro da placenta com feto vivo – fora do período expulsivo;
3) Placenta prévia parcial ou total (total ou centro-parcial);
4) Apresentação córmica (situação transversa) - durante o trabalho de parto (antes pode ser tentada a versão);
5) Ruptura de vasa praevia;
6) Herpes genital com lesão ativa no momento em que se inicia o trabalho de parto.
1) Desproporção cefalopélvica (o diagnóstico só é possível intraparto, através de partograma e não pode ser antecipado durante a gravidez);
2) Sofrimento fetal agudo (o termo mais correto atualmente é "freqüência cardíaca fetal não-tranqüilizadora", exatamente para evitar diagnósticos equivocados baseados tão-somente em padrões anômalos de freqüência cardíaca fetal);
3) Parada de progressão que não resolve com as medidas habituais (correção da hipoatividade uterina, amniotomia), ultrapassando a linha de ação do partograma.
SITUAÇÕES ESPECIAIS EM QUE A CONDUTA DEVE SER INDIVIDUALIZADA, CONSIDERANDO-SE AS PECULIARIDADES DE CADA CASO E AS EXPECTATIVAS DA GESTANTE, APÓS INFORMAÇÃO
1) Apresentação pélvica (recomenda-se a versão cefálica externa com 37 semanas mas se não for bem sucedida, discutir riscos e benefícios com as gestantes: o parto pélvico só deve ser tentado com equipe experiente e se for essa a decisão da gestante);
3) hiv/aids (cesariana eletiva indicada se HIV + com contagem de CD4 baixa ou desconhecida e/ou carga viral acima de 1.000 cópias ou desconhecida); em franco trabalho de parto e na presença de ruptura de membranas, individualizar casos.
A presente lista de indicações de cesariana circula na Internet desde 2005, quando eu publiquei a primeira versão em uma comunidade do Orkut ("Cesárea? Não, obrigada!"), e desde então tem sido amplamente divulgada, crescendo lamentavelmente a cada dia, porque estou sempre me deparando com gestantes querendo esclarecimentos ou mulheres que contam suas próprias histórias ou histórias de amigas.
Recentemente, Ana Cristina Duarte, obstetriz e amiga, fez alguns acréscimos e organizou a lista em ordem alfabética, motivo pelo qual lhe dou os créditos da presente versão. É de domínio público, usem à vontade, mas preferentemente remetendo à fonte, ou seja, Amorim & Duarte (2012), com link para esta página da Web.
Não temos a pretensão de cobrir todas as possíveis indicações de cesariana, apenas começamos a elencar sobretudo as "não indicações" mais frequentes.
Para uma leitura mais aprofundada e baseada em evidências, eu recomendo a série de artigos que publicamos na revista Femina, "Indicações de Cesariana Baseadas em Evidências", em três partes:
Parte 1 Indicações de Cesariana Baseadas em Evidências - Parte 1
Parte 2 Indicações de Cesariana Baseadas em Evidências - Parte 2
Parte 3 Condições frequentemente associadas à Cesariana sem respaldo científico
Segue a lista (em constante atualização):
INDICAÇÕES REAIS E FICTÍCIAS PARA A CESÁREA
Algumas indicações de cesariana
REAIS
REAIS
1) Prolapso de cordão – com dilatação não completa;
2) Descolamento prematuro da placenta com feto vivo – fora do período expulsivo;
3) Placenta prévia parcial ou total (total ou centro-parcial);
4) Apresentação córmica (situação transversa) - durante o trabalho de parto (antes pode ser tentada a versão);
5) Ruptura de vasa praevia;
6) Herpes genital com lesão ativa no momento em que se inicia o trabalho de parto.
PODEM ACONTECER, PORÉM FREQUENTEMENTE SÃO DIAGNOSTICADAS DE FORMA EQUIVOCADA
1) Desproporção cefalopélvica (o diagnóstico só é possível intraparto, através de partograma e não pode ser antecipado durante a gravidez);
2) Sofrimento fetal agudo (o termo mais correto atualmente é "freqüência cardíaca fetal não-tranqüilizadora", exatamente para evitar diagnósticos equivocados baseados tão-somente em padrões anômalos de freqüência cardíaca fetal);
3) Parada de progressão que não resolve com as medidas habituais (correção da hipoatividade uterina, amniotomia), ultrapassando a linha de ação do partograma.
SITUAÇÕES ESPECIAIS EM QUE A CONDUTA DEVE SER INDIVIDUALIZADA, CONSIDERANDO-SE AS PECULIARIDADES DE CADA CASO E AS EXPECTATIVAS DA GESTANTE, APÓS INFORMAÇÃO
1) Apresentação pélvica (recomenda-se a versão cefálica externa com 37 semanas mas se não for bem sucedida, discutir riscos e benefícios com as gestantes: o parto pélvico só deve ser tentado com equipe experiente e se for essa a decisão da gestante);
2) Duas ou mais cesáreas anteriores (o risco potencial de uma ruptura uterina – variando de 0,5% - 1% - deve ser pesado contra os riscos de se repetir a cesariana, que variam desde lesão vesical até hemorragia, infecção e maior chance de histerectomia);
3) hiv/aids (cesariana eletiva indicada se HIV + com contagem de CD4 baixa ou desconhecida e/ou carga viral acima de 1.000 cópias ou desconhecida); em franco trabalho de parto e na presença de ruptura de membranas, individualizar casos.
Algumas desculpas utilizadas pelos profissionais para realizar uma DESNEcesárea (em ordem alfabética)
1. Abdominoplastia prévia
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2. Aceleração dos batimentos fetais
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3. Adolescência
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4. Ameaça de chuva/temporal na cidade
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5. Anemia falciforme
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6. Anemia ferropriva
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7. Anencefalia
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8. Artéria umbilical única
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9. Asma
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10. Assalto ou outras formas de violência (gestante ou familiar foi vítima de assalto, então o bebê pode ficar estressado)
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11. Bacia "muito estreita"
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12. Baixa estatura materna
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13. Baixo ganho ponderal materno/mãe de baixo peso
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14. Bebê alto, não encaixado antes do início do trabalho de parto
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15. Bebê profundamente encaixado
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16. Bebê que não encaixa antes do trabalho de parto
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17. Bebê "grande demais" (macrossomia fetal só é diagnosticada se o peso é maior ou igual que 4kg e não indica cesariana, salvo nos casos de diabetes materno com estimativa de peso fetal maior que 4,5kg. Não se justifica ultrassonografia a termo em gestantes de baixo risco para avaliação do peso fetal).
|
18. Bebê "pequeno demais"
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19. Bolsa rota (o limite de horas é variável, para vários obstetras basta NÃO estar em trabalho de parto quando a bolsa rompe)
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20. Calcificação da sínfise púbica (alegando-se que ocorreria em TODAS as mulheres com mais de 35 anos, impedindo o parto normal)
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21. Candidíase
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22. Cardiopatia (o melhor parto para a maioria das cardiopatas é o vaginal)
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23. Cesárea anterior
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24. Chlamydia, ureaplasma e mycoplasma
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25. Circular de cordão, uma, duas ou três “voltas” (campeoníssima – essa conta com a cumplicidade dos ultrassonografistas e o diagnóstico do número de voltas é absolutamente nebuloso)
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26. Cirurgia gastrointestinal prévia
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27. Colestase gravídica
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28. Coleta de sangue do cordão umbilical para congelamento e preservação de células-tronco
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29. Colo grosso, colo posterior, colo duro, colo alto e (paradoxalmente) colo curto
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30. Colostomia
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31. Conização prévia do colo uterino
|
32. Constipação (prisão de ventre)
|
33. Cálculo renal
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34. Data provável do parto (DPP) próximo a feriados prolongados e datas festivas (incluindo aniversário do obstetra)
|
35. Datas significativas como 11/11/11 ou 12/12/12 (ainda bem que a partir de 2013 precisaremos esperar o próximo século)
|
36. Diabetes mellitus clínico ou gestacional
|
37. Diagnóstico de desproporção cefalopélvica sem sequer a gestante ter entrado em trabalho de parto e antes da dilatação de 8 a 10 cm
|
38. Dorso à direita, dorso posterior, ou dorso em qualquer outro lugar
|
39. Edema de membros inferiores/edema generalizado
|
40. Eletrocauterização prévia do colo uterino
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41. Endometriose em qualquer grau e localização
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42. Epilepsia e uso de qualquer droga antiepiléptica
|
43. Escoliose
|
44. Espondilite anquilosante – Qualquer espondiloartropatia
|
45. Estreptococo do Grupo B (EGB) no rastreamento com cultura anovaginal entre 35-37 semanas
|
46. Exérese prévia de pólipos intestinais por colonoscopia
|
47. Falta de dilatação antes do trabalho de parto
|
48. Feto com "unhas compridas"
|
49. Feto morto
|
50. Fibromialgia
|
51. Fratura de cóccix em algum momento da vida
|
52. Gastroplastia prévia (parece que, em relação ao peso materno, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come)
|
53. Gestação gemelar com os dois conceptos, ou o primeiro, em apresentação cefálica
|
54. Gravidez não desejada
|
55. Grumos no líquido amniótico
|
56. HPV (só há indicação de cesárea se há grandes condilomas obstruindo o canal de parto)
|
57. Hemorroidas
|
58. Hepatite B e hepatite C
|
59. Hiperprolactinemia
|
60. Hipertireoidismo
|
61. Hipotireoidismo
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62. História de cesárea na família
|
63. História de câncer de mama ou câncer de mama na gravidez
|
64. História de depressão pós-parto
|
65. História de natimorto ou óbito neonatal em gravidez anterior
|
66. História de trombose venosa profunda
|
67. História familiar de fibrose cística do pâncreas
|
68. Idade materna "avançada" (limites bastante variáveis, pelo que tenho observado, mas em geral refere-se às mulheres com mais de 35 anos)
|
69. Incisura nas artérias uterinas (pesquisada inutilmente, uma vez que não se deve realizar dopplervelocimetria em uma gravidez normal)
|
70. Infecção urinária
|
71. Inseminação artificial, FIV, qualquer procedimento de fertilização assistida (pela ideia de que bebês "superdesejados" teriam melhor prognóstico com a cesárea) - motivo pelo qual esses bebês aqui no Brasil muito raramente nascem de parto normal
|
72. Insuficiência istmocervical (paradoxalmente, mulheres que têm partos muito fáceis são submetidas a cesarianas eletivas com 37 semanas SEM retirada dos pontos da circlagem)
|
73. Laparotomia prévia
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74. Líquido amniótico em excesso
|
75. Magreza da mãe
|
76. Malformação cardíaca fetal
|
77. Mecônio no líquido amniótico (só indica cesariana se houver associação com padrões anômalos de frequência cardíaca fetal, sugerindo sofrimento fetal)
|
78. Mioma uterino (exceto se funcionar como tumor prévio)
|
79. Miscigenação racial (pelo "elevado risco" de desproporção céfalo-pélvica)
|
80. Neoplasia intraepitelial cervical (NIC)
|
81. Obesidade materna
|
82. Obstetra (famoso) não sai de casa à noite devido aos riscos da violência urbana
|
83. Paciente “não tem perfil para parto normal”
|
84. Paciente “não ajuda para o parto normal” (momento vidente ON: “no fundo ela quer cesárea”)
|
85. Parto "prolongado" ou período expulsivo "prolongado" (também os limites são muito imprecisos, dependendo da pressa do obstetra). O diagnóstico deve se apoiar no partograma. O próprio ACOG só reconhece período expulsivo prolongado mais de duas horas em primíparas e uma hora em multíparas sem analgesia ou mais de três horas em primíparas e duas horas em multíparas com analgesia. Na curva de Zhang o percentil 95 é de 3,6 horas para primíparas e 2,8 horas para multíparas)
|
86. “Passou do tempo” (diagnóstico bastante impreciso que envolve aparentemente qualquer idade gestacional a partir de 39 semanas)
|
87. Perineoplastia anterior
|
88. Pé nas costelas
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89. Pé torto congênito
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90. Placenta grau III ou II ou I ou qualquer outra classificação
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91. Plaquetas baixas não oclusivas do colo do útero
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92. Possível falta de vaga em maternidade para um parto normal, caso a gestante não marque a cesárea
|
93. Pouco líquido no exame ultrassonográfico (sem indicação no final da gravidez em gestantes normais)
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94. Praticar musculação ou ser atleta
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95. Pressão alta
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96. Pressão baixa
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97. Problemas oftalmológicos, incluindo miopia, grande miopia e descolamento da retina
|
98. Profissão professora
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99. Prolapso de valva mitral
|
100. Qualquer malformação fetal incompatível com a vida
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101. Qualquer procedimento cirúrgico durante a gravidez
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102. Reação vasovagal
|
103. Sedentarismo
|
104. Septo uterino/cirurgia prévia para ressecção de septo por via histeroscópica
|
105. Ser bailarina
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106. Suspeita ecográfica de mecônio no líquido amniótico
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107. Síndrome de Down e qualquer outra cromossomopatia
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108. Síndrome de Ovários Policísticos (SOP)
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109. Tabagismo
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110. Trabalho de parto prematuro
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111. Tricomoníase
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112. Trombofilias
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113. Trombose venosa profunda
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114. Varizes uterinas
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115. Uso de antidepressivos ou antipsicóticos
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116. Uso de aspirina
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117. Uso de heparina de baixo peso molecular ou de heparina não fracionada
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118. Útero bicorno
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119. Vaginose bacteriana
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120. Varizes na vulva e/ou vagina
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Até mais!
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